Silenciosamente,Thais Ueda nos convida a desacelerar o ruido e da pressa do cotidiano e adentrar um espaço depossibilidades infinitas. Suas paisagens oníricas exploram a dualidade e a repetição, o preto e o branco, o contraste entre a magnitiude das montanhas e a leveza das nuvens. Somos apresentados ao conceito do tianxia, visão oriental de mundo em que tudo é uno sob o mesmo céu.
 

A simplicidade do nanquim aguado e fluído revela esta escuta sensível e profunda, em que traços erminados e manchasimprecisas desvelam o efemero e o eterno do ciclo ininterrupto da natureza. Neste cenario, pássaros planam livremente fazendo a ponte entre o céu e a terra, liberdade tão almejada pelo homem. A delicada força de sua obra reside justamente neste singelo convite à meditação, tão necessário em tempos atribulados como os que temos vivido.

 

Texto integrante da mostra 'Tudo abaixo do Céu' na Verve Galeria, 2016, por Ian Lucas